50 – Nova Mente

Estou dormindo há muitos dias… durmo acordo, vivo, durmo, durmo, durmo, sonho…

Oscilo entre sonhos e vidas. Um amigo falou ontem que o irmão dele disse que parece que a vida dele é um sonho, não que seja um sonho pq ele é milionário e tá num pula pula o dia inteiro… mas pq parece que a realidade não é tão real assim.

o que dizer novamente, se o q foi dito já foi?

sabe quando você não se apaixona mais? sabe quando você fica em paz? dá um nervoso imóvel, tipo você tá incomodado mas ao mesmo tempo está muito bem. Tipo, pq eu estou incomodada com a paz?

Uma camada mais.

Agora, pode ser muito parecido com o q já foi dito, mas entenda. Vai ser um pouco mais profundo, ok?

Vamos lá, olhos fechados, o que vejo é o seguinte:

Preto. Horizonte feito de luzes difusas neon rosa e azul. Agora verde.

O horizonte, é um feixe de luz, veloz da esquerda pra direita. Que balança sem fazer curva, balança sem ser estável, e vai ficando branco e quando chega no mais baixo do baixo, sobe um pouco e volta a descer. Como se respirasse. E a luz pode ser cidade.

Me desconcentrei, volta. Tocou o telefone, um toque. Cheguei tinha parado. Me distraí conferindo o celular, nada de útil, ri.

Shhh.. o que? quem? Shhh… just watch, e o preto acima das luzes, começa a ficar ‘celular’ como quando damos zoom na pele, e fica um quadriculado, mas não reto, tipo uma rede. Mas bem pequenininho, e então zoom zoom zoom no preto.

 

 

46 – Armas duras e famintas

Não se venda através de imagens vazias

e nem compre ilusões distantes

quase todas as vidas estão em busca de carinho e atenção

às vezes ser louco significa ser o amado, o amante e o amador

nós sabemos tão pouco

por que estamos drogados e famintos

no viciamos nas pequenas doses diárias de prazer contidas

em compras, açúcares e farinha e nos encontros e curtidas de algum tipo de reconhecimento fulgaz

enquanto isso, ostentamos armaduras medrosamente orgulhosas

pensando em disfarçar nossa carência e esconder nossa sede

mas na hora de amar, não dá pra ter armadura

e quando os corpos ficam nus é possível ver um corpo seco e triste

antes

além da superfície, tem tantas outras coisas para serem exploradas

tantas outras sensações para serem experimentadas

em tempos de selfie, ame a si mesmo como você pensa que ama o próximo

Cuide do exterior mas quando se despir, tenha certeza que quem você cultiva por dentro é muito mais radiante!

Me distrai com meu Rabilusone por um bom tempo, na verdade o tempo foi curto mas foi intenso, intensamente cansativo, repetitivo e enjoativo… depois de muito recompensar suas manobras com aquelas bolinhas, silenciei.

Parei de alimentá-lo por 40 minutos e ele tonteou e desfaleceu feito minhoca. Estranhei, mas senti paz. Nesse instante, ouvi um barulho dentro da armadura caída no chão. Me aproximei, e vi lá dentro um ser raquítico mendiguento. Ele se encolhia e me encarava desencarando.

Livro 3 – O futuro visto por mim

Livro três – O Futuro visto por mim

Eu descobri a escrita e depois na escrita me descobri

Eu ja li e reli a minha historia e hoje eu sorrio, convicta. Foi bom passar por esta experiência diante de vós, e talvez eu até seja compreendida. Até hoje eu escrevia de mim pra mim, nunca tive platéia e nem quis ter… apenas a presença de uns gatos pingados curiosos. Mas não cai bem para uma Mamadam andar sozinha, e muito menos falar sozinha, por isso que recebi a missão de voltar para o mundo anterior. Eu fui chamada para falar com crianças, não todas. E a razão para isso é que a minha forma de escrever frequentemente se desapega do pensamento linear, isso faz com que adultos tenham mais dificuldade para compreender o sentido… Que nesse ponto da evolução, não pode ser entendido pela lógica e nem sentido pelas emoções.

Os meus textos parecem fantásticos, surreais e às vezes abstratos, pois tem movimento e a cada momento são diferentes pois resultam do equilíbrio entre seus pensamentos e sentimentos em relação a eles. O sentido deles é simples, é o mesmo da seta que fura o vento, enquanto você pensa que está acertando o alvo ou quando você sente que já sabe onde vai parar, ela encambalhoteia no ar e te olha com cara de piada, daí você desacredita, desanima, se perde… e nesse momento ela sorri e gentilmente pousa no centro do alvo, e você se alivia. Pois o sentido na verdade, está na atenção e na presença. Os textos pedem, mais do que nunca para que vocês confiem e desconfiem. Pois vivemos em uma sociedade acostumada a ver tudo pela ótica de certo e errado, louco e normal, e para eles quem pensa através de janelas abertas está perdido.

E o primeiro assunto a ser tratado aqui, direcionado a vós, fala exatamente sobre isso. Para quem não me conhece, ou não entendeu, eu me conformo com a fama de mensageira, o meu trabalho funciona da seguinte forma: na vida real eu sutilizo o denso, na virtual eu densifico o sutil.

49 – Ser eu ou o que sou?

Numa tela negra e escura, dançam dois raios de luz em formato vertical de tempo infinito.

E no centro do escuro, nasce uma planta, que cresce em árvore em direção ao cruzamento dos raios de luz do tempo dançante.

A árvore é feliz e tem certeza. Enquanto eu, tenho medo.

Meu coração dói por ter inventado mais um conto descontado, e desconsolada me aproximo da árvore, sou uma formiga perto dela. Me encolho num dos cantos da raiz e viro nota musical, uma pequena nota formigada, que salta em canto e pousa no nariz de uma deusa, brinco no ar entre sopros e toques… Aos poucos na cena, percebo que sou a música e a deusa, e também a Luz de tempo dançante e o fundo negro.

Sou a distração, os sorrisos, o presente e a dor.

Sou a vontade de enraizar na árvore, uma grande vontade. Sou o desespero, o frio e o vento.

Sou o escorrido e tudo que a terra puxa.

Desço ao centro… no centro do centro do fundo, e em bola preta me encolho no afundo e viro ponto e do ponto me sumo em branco, me sumo em luz que pulsa e que levanta e cresce em corrente rápida e branca, e atravesso a terra até o pé da menina que dança, que gira em rosa e que pede: ‘quero saia de roda’.

Sou a luz dos pés da menina e sou também a terra, e as faíscas… por fim, sou a estrela e a história.

Sou o gostar de pisar em terra. Sou o corpo que caminha, que sai da água e sente a terra. Sou os pés, que pisam em cabelos deitada em rede, de ponta cabeça e em bolha de sabão.

Sou o giro do toque, a linha que tensiona e a porcelana.

Sou o homem, os bichos e a mulher. Sou quem protege a árvore.

Sou tudo, menos a árvore.